quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

OBAMA TIRANDO ONDA!

OPINIÃO


Monique Barcellos


Teor: Ironia com algum factual


Valoriza-se e consagra-se hoje o Obama Day!


A imprensa mundial anuncia e o povo elege o primeiro presidente negro em um país segregado e ironicamente denominado Estados Unidos. Realmente é um marco na história da política americana e mundial. O primeiro negro na Casa Branca.
Talvez por toda a repercussão e emoção, a situação econômica dos americanos (que de certa forma acaba refletindo nos quatro cantos) não seja atualmente o principal foco da notícia. Pelo menos, há um mês atrás os apocalípticos anunciavam a maior crise da economia americana desde 1929.


O lado negro da força parece emitir a ideia de “ocupação”, quase uma ode ao movimento black panther, figh the power style. De fato essa ascensão ideológica pode ter um peso e também um mérito na questão segregacionista. Uma curiosidade é que a vitória de Obama pode indicar, em outro viés, que o eleitorado americano se fez valer de uma reação desesperada decorrente ao vexame do antecessor, que (“Aleluia!”), não precisamos citá-lo mais como Vossa Excelência. Até aí, nada mais plausível!


Hoje à tarde em Washington, Obama discursou para 2 milhões de pessoas a 7 graus negativos. Foi a primeira vez também que o Capitólio foi aberto ao público. Desde sua envolvente história pessoal, passando pelas pesquisas de voto, até a posse, Obama vem quebrando mil paradigmas, a não ser no discurso de posse. Contundente, com alguns “poréns”, afirmou que entre mudanças já esperadas, como a retirada das tropas do Iraque, o Presidente eleito ressaltou que o povo americano não deve deixar de ter orgulho do American Way of Life.


Essa última a ressalva no discurso me intrigou um bocado. O resgate, ou melhor, a reafirmação do orgulho americano é um ponto chave na política de Obama? Os americanos sabem que estão desmoralizados internacionalmente. E Obama sabe que seu povo vê nele a esperança de um resgate moral. Americanos carentes??
Aliás, um turbilhão de impressões rondou nessa minha cabeça de eleitora que viu o Lula, gerado na classe operária do ABC Paulista, depois de festejado e reeleito se tornar o grisalho e de Botox no rosto, que no máximo faz alusão ao passado quando coloca um simpático boné, regalo de algum ex-colega de trabalho. Prato cheio para os “intelecto-boçais” que colocavam sempre o dia-a-dia do nosso Presidente em tom de embriaguez mórbida, lá com seus ditados populares. Meus pensamentos e precipitações me deixaram mais tensa do que a "Beyonça", se escalando pra cantar no Obama Day.


Desafio maior de Obama: Economia? A própria política? O preconceito? A pesada capa de anti-herói?





(...)Os caldos???









Vamos aos rótulos ridículos: Primeiro havaiano, surfista, negro Presidente dos Eua. Uhuull! Isso aí (lelesk, brow, ou nigga?)!!!




Não posso pensar em prever o futuro, até porque como muitos, devido aos acontecimentos, ao Obama Day, assim como muitos eu já me sinto no futuro. Com alguma esperança, mas mesmo assim não acho que todo esse romantismo de cor de pele seja o suficiente para um cidadão como Obama ter chegado onde chegou (a cor da cara ajuda ou atrapalha?), ou ainda para encarar os próximos desafios como Presidente dos Estados Unidos da América.


Acredito mais do que nunca que ele é o cidadão que não vai desviar o olhar para para os desfavorecidos, que será voluntarioso, independente da cor da pele dele ou do outro. Temos anos de obstrução intelectual voltada para esses valores e rótulos, mas creio que devíamos fazer o mesmo. Poder proclamar Barack Obama não somente como o primeiro negro na Casa Branca, mas que possa ser o melhor, mais justo e, especialmente, pacifista.



DEZ ANOS DEPOIS DO HIT, INICIALMENTE CONTRARIANDO AS EXPECTATIVAS DE TUPAC AMARU SHAKUR, IRONICAMENTE, BARACK OBAMA CHEGA À PRESIDÊNCIA DOS EUA COM O MESMO SLOGAN: "CHANGES":





"We ain't ready to see a black president, uhn!" - Changes - 2Pac


Basta aguardar para saber se estamos prontos ou não para ver um presidente negro na América diante de uma nebulosa ao eco de Luther King...



Monique Barcellos - Jornalista

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009 - O Ano do Resgate

Monique Barcellos


Esse ano que acabou de acabar me trouxe algumas decepções, gente chata, errada, irritante, linhas medíocres de se transcorrer. Estréio minha contribuição nessa coluna já escrevendo sobre coisas idiotas assim, para justamente me livrar delas, uma tentativa de deixar lá, em um passado inóspito* – palavra tão vazia quanto o significado e esse tal lugar no passado. Fato é que com certeza o ano de 2008 compensou com vários dias esplêndidos, animados, inspiradores, trouxe novos amigos, confirmações. Pessoas que revigoraram meu cotidiano ou me fizeram lembrar cenas e rir sozinha pela rua. Amigos especiais que me deixaram à vontade para a vida, que reforçaram a poesia e as cores do mundo, muito além das dores.

Poder escolher o que representa esse novo ano é algo instigante, mas ao mesmo tempo uma incógnita. Muito mais do que querer mudar o mundo é poder reinventar a si próprio. É um ato de coragem sofrer metamorfose, não se tornar tão nocivo ou iludido. É animador poder escrever nosso futuro, revigorar esperanças refletir sobre o que passou, o suficiente pra não cair na mesmice ou insistir em ser uma caricatura de si mesmo, a partir do que se vende por aí, ou do que esperam que sejamos entre idéias e modismos. O mundo é algo muito particular além da idéia total. E mudá-lo também passa a ser mais concreto a partir de cada um. Os avatares sempre vêm, mas eu não vou esperar o próximo. Eles sempre vêm deixar o mesmo lembrete: O AMOR UNIVERSAL.

Tudo novo de novo? Só resta definí-lo com o trocadilho “2009dades”. Parece um pouco vago, mas eu durante esses vinte e poucos anos na Terra, sem ter vivido tanto quanto um pajé, de repente posso opinar ou não sobre algumas coisas e absurdos por aí afora. Como por exemplo, que eu não poderia conceber um ano novo com hostilidade, como uma rotina, do estilo “entra ano sai ano, e eu na mesma”. Mesmo terrorismo midiático, mesmo balanço das marés... Podemos ser a gota e o oceano. O essencial e o profundo das coisas da vida, que tal?

O grande lance é: o que pode vir de novo esse ano parece um detalhe tão particular, que muitos até cansam, e voltam a boiar na maré de destinados. Sei, entendo essa fadiga coletiva, mas 2009 é para mim o ano do resgate. Resgate cultural, de valores, de essência. Em época de esoterismos como todo fim de ano, leva à numerologia que soma 2009, na vibração de número 11, o ano da elevação espiritual, da alma, da confraternização, como se não pudesse ser assim todo ano.

Hoje em dia a moda ilude, a mídia omite, o consciente é chato, o rebanho guia o pastor. A felicidade é imoral, e o engano é artigo de bolso. Muitos desses aspectos de contemplação podem sugerir uma lei primordial: “Foco e não foca, modo e não moda”. Somos muitos e diferentes entre si. Tá certo, cada um cada um, mas vamos combinar uma parada só: Felicidade é algo democrático. E se for um apocalipse no lugar dela, eu ando com ela. A gente pode não saber ao certo o que vai acontecer, mas o foco na linha do equilibrista é vital para ele sair ileso. Assim a foca pode entrar e bater palma, dando continuidade ao show. Mas que seja somente cena de circo e não nosso dia-a-dia. Menos palhaçada, mais energia produtiva, por favor!
Dica de som: O teclado nervoso de “Own Private Idaho” – B 52’s :




Monique Barcellos - Jornalista


Monique's Myspace/Blog

Idealizadora do programa de rádio Som de Rua